ENTREVISTA: EDDY BARROWS

FAN OF HEROES E BAÚ DAS HQS ENTREVISTAM EDDY BARROWS

A Baú das HQs em parceria com o canal Fan of Heroes  (do nosso entrevistador de hoje, Caio Santucci) traz a você leitor, um bate-papo com o artista Eddy Barrows, quadrinista brasileiro que está há quase 20 anos desenhando para a DC Comics. Entre seus trabalhos mais recentes, podemos citar “Detective Comics Rebirth”, “Batman: Urban Legends”,  “Task Force Z”, “Titans United: Bloodpact”, “Nightwing”, dentre outras participações e capas.

Caio S. – Eddy, você nasceu em Belém do Pará e se mudou ainda jovem para Belo Horizonte, onde começaria a trabalhar com ilustrações para livros didáticos. Como foi para você esse processo de se tornar um quadrinista? Sair dos livros didáticos e ir para a Art & Comics Studios?

Eddy B. – Eu mudei para Belo Horizonte em 1997 aos 23 anos de idade, junto com minha esposa Silvana e meus dois filhos. E, ao lado de dois colegas desenhistas, montei um estúdio de ilustrações com foco nos quadrinhos. O trabalho com livros didáticos e material publicitário eram apenas um meio de sustento enquanto, nos intervalos, nos dedicávamos um pouco ao estudo da nona arte. Passado algum tempo, resolvi enviar uns testes para a agência Art & Comics e, para minha surpresa, o Helcio de Carvalho gostou do que viu e, alguns testes depois, eu estava tendo a minha primeira experiência em uma revista de quadrinhos americana, “Stone Cold” (Steven Austin), para a extinta Chaos Comics! Essa primeira experiência foi muito traumática, descobri da pior forma possível que aquilo tudo estava acima da minha capacidade. Eu precisava dar um tempo e me preparar melhor se quisesse ter uma carreira promissora e longeva nesse mercado!

Caio S. – Após poucas edições do seu começo de carreira na indústria norte-americana, você decidiu dar uma pausa de dois anos para praticar mais seu traço e estudar mais sobre ilustração. Existem muitos artistas que não tem essa consciência de querer melhorar, sendo assim, o que te levou a tomar essa decisão naquela época? Você acha que ainda hoje continua tentando se superar e estudando mais para cada trabalho?

Eddy B. – Estava claro para mim que eu precisava melhorar em muitas áreas técnicas como narrativa, anatomia feminina, continuidade de página, luz e sombra, etc. Mas havia também a questão disciplinar, teria que aprender a construir uma página bonita e eficiente em um dia, bem diferente dos testes que fazia, nos quais eu mesmo não estabelecia prazos devido aos compromissos que tinha com projetos pagos do estúdio. Demorei 3 anos para ter consciência e uma arte aceitável para apresentar a agentes e, posteriormente, a editores.

Caio S. – Quando você retomou a este trabalho, você foi fazer “G.I Joe”, que foi seu primeiro título de grande importância, numa época em que o cenário de brasileiros que faziam quadrinhos para o exterior não era tão extenso quanto é hoje. Como foi a experiência de trabalhar nesse título?

Eddy B. – O interessante nessa história com os G.I Joe foi o fato de eu não ter feito teste. Mandei alguns estudos de narrativa sequencial com personagens da Chaos Comics e da Marvel e os editores da Image Comics (editora do G.I Joe na época) adoraram e perguntaram ao meu antigo agente se eu toparia fazer algumas edições da série Frontline. O que era para ser uma série de 4 edições acabou se tornando algo maior. Fiquei na Image Comics por um ano, foram 7 ou 8 edições, não lembro.

Caio S. – Você entrou na DC em 2005 para fazer “Bloodhound”, depois disso você só cresceu como quadrinista, participando da série semanal “52”, foi para “Titans”, foi parar na “Action Comics” e o resto é história. Você, lá em 2005, imaginava que iria se tornar um dos maiores artistas estrangeiros do mercado americano, se não um dos maiores artistas da DC hoje?

Eddy B. – Eu não tinha ideia que a minha história com a DC Comics seria tão longeva assim. Fiz meu primeiro trabalho no dia 22 de novembro de 2004 e já estava me sentindo realizado por ter feito uma única edição. Imaginei que talvez fosse parar por ali ou talvez faria mais duas ou três edições, lembrando que na época, eu tinha uma jornada dupla: trabalhava na redação do jornal Estado de Minas como ilustrador (carteira assinada e benefícios) e na DC Comics durante as manhãs. Era uma loucura total, mas em março de 2006 tudo mudou, a DC ofereceu um contrato de exclusividade por 2 anos. Conversei com meu agente e amigo Joe Prado (ambos pegos de surpresa) e, com o “ok” da patroa (minha esposa Silvana), esses 2 anos de contrato se tornaram 4, depois 6 anos e lá se vão 17 anos de contrato e 19 anos trabalhando na DC Comics!

Caio S. – O Universo de Death Metal é um daqueles quadrinhos feitos única e exclusivamente para divertir o leitor. Ao trabalhar no One Shot “Dark Nights Death Metal Speed Metal #1”, você teve liberdade para colocar elementos na arte que ajudaram na criação desse mundo?

Eddy B. – Com tanto tempo na DC Comics, sendo conhecido pelos editores, é fato que me sinto bem livre para acrescentar elementos visuais que gerem impacto ou ajudem na narrativa. Tudo que possa deixar a história mais rica visualmente.

Caio S. – Outro One Shot que você desenhou foi “Batman: Pennyworth #1”, que é uma história bastante sentimental que mostra os temores do Batman em relação à morte de Alfred e o dilema: se ele se aposenta de uma vez por todas ou continua sendo o mascarado à procura de vingança. Você, como leitor de quadrinhos, sentiu que tinha algo em mãos que poderia tocar os leitores de uma forma profunda? Para essa história você fez alterações em sua arte para conseguir deixá-la mais emocional?

Eddy B. – Não necessariamente, acredito que os editores tenham me escolhido para esse trabalho por causa do que fiz na “Detective Comics”, já que havia muitas cenas dramáticas nessa mensal do Batman. Teve uma em especial da suposta morte do Robin (Tim Drake) que deixou os editores e o escritor empolgados, foram 3 anos trabalhando na “Detective Comics”!

Caio S. – A morte do Alfred influenciou no começo do run do Tom Taylor no Nightwing. Essa série tão aclamada chegou na edição número 100 em janeiro de 2023, e você não poderia ficar de fora dessa grande comemoração. Como foi participar dessa edição especial?

Eddy B. – Quando recebi o convite (intimação) da Jessica (editora) para trabalhar em algumas páginas de “Nightwing #100” fiquei muito empolgado, ela conseguiu convencer os meus editores do “Black Adam” a me liberarem. Quando li o roteiro e vi que tínhamos uma boa história e uma equipe de artistas que já tinha trabalhado no personagem ao lado do atual escritor (Tom Taylor) e do artista regular (Bruno Redondo), eu vibrei. Foi uma experiência maravilhosa, voltar a trabalhar com o Asa Noturna é como voltar para casa, foi a cereja do bolo para começar bem o ano de 2023!

Caio S. – Para encerrar, após esses quase 20 anos trabalhando para a DC Comics, qual a página que você mais se orgulha de ter feito? 

Eddy B. – Pergunta difícil, alias é uma pergunta sem resposta. Cada série que faço conta um período específico da minha carreira, mas se tirarmos pelo que mais impactou os fãs, com certeza “Nightwing” está no topo da lista ao lado de “Detective Comics”. Mas tem uma série que fiz que ainda não saiu no Brasil e não teve a repercussão merecida, a “Martian Hunter”. As 5 primeiras edições são algo pelo qual tenho muito carinho.

Caio S. Quero agradecer, junto com o pessoal da Baú das HQs, pela sua participação nessa entrevista e pela participação no primeiro Evento Privado de autógrafos do Site e do ano! Desejamos muito sucesso em sua carreira, um abraço Eddy e até a próxima!

Eddy B. – Valeu pessoal, desejo todo o sucesso do mundo para vocês!

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